Proprietária negociou casa de Rodrigo Manga com investigados pela PF e não sabia que vendia imóvel de R$ 1,5 milhão para o prefeito afastado: 'Susto'
Mais de 3 mil depósitos transações mostram movimentação de R$11 milhões entre investigados A antiga dona de um imóvel de luxo onde desde 2021 vive o pref...
Mais de 3 mil depósitos transações mostram movimentação de R$11 milhões entre investigados A antiga dona de um imóvel de luxo onde desde 2021 vive o prefeito afastado de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos), diz que não fazia ideia de que estava vendendo a residência para o chefe do Executivo sorocabano. A negociação envolveu dinheiro vivo de R$ 183 mil. A negociação é alvo de investigação da Polícia Federal e faz parte do relatório que embasou a segunda fase da Operação Copia e Cola, que prendeu Josivaldo Batista de Souza e o empresário Marco Silva Mott, e afastou Rodrigo Manga do cargo de prefeito. Há também um mandado de prisão em aberto para Simone Rodrigues Frate, irmã de Sirlange Rodrigues Frate, primeira-dama do município. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp O imóvel fica no condomínio de alto padrão Parque Residencial Chácara Ondina, na zona leste da cidade. O registro da compra do imóvel por Manga e a mulher dele, Sirlange Frate, foi incorporado à matrícula em 18 de maio de 2021. Segundo os documentos, aos quais o g1 e a TV TEM tiveram acesso, o valor total da transação foi de R$ 1,5 milhão. LEIA TAMBÉM: Milhares de depósitos: transações mostram movimentação de R$ 11 milhões entre investigados na operação da PF em Sorocaba 'Está precisando de um milagre?': PF investiga se grupo liderado por Manga usava termos religiosos como códigos para crimes Copia e Cola: PF aponta Rodrigo Manga como líder de organização criminosa Rodrigo Manga: Veja nomes com os quais o prefeito não pode ter contato Materiais de luxo: O que foi apreendido na Operação Copia e Cola Suspeita de corrupção: Organização alvo da PF já recebeu R$ 123 milhões em contratos Sirlange Frate: Esposa de Manga também é investigada por operação da PF A negociação previa que R$ 1,2 milhão seriam financiados por um banco. O restante, R$ 300 mil, seria pago como entrada com recursos próprios. A PF afirma que a negociação foi cercada de dissimulação, contando com a participação de Rafael Pinheiro do Carmo e Cláudia Cenci Guimarães, que teriam atuado na ocultação da origem do dinheiro. O instrumento particular de compromisso de compra e venda do imóvel, com a data de 3 de fevereiro de 2021, inicialmente ajustava a venda a Rafael e Cláudia. Rafael Pinheiro e Cláudia Cenci Guimarães teriam ocultado ou ajudado a ocultar a verdadeira origem de R$ 182.500 usados para comprar imóvel onde mora Rodrigo Manga, segundo a PF Reprodução/Redes sociais O vendedor confirmou, em depoimento, que a negociação inicial foi feita com Rafael e Cláudia, e que houve o pagamento da entrada de R$ 300 mil em parcelas de R$ 50 mil. Nesse depoimento, ele declarou que parte do pagamento foi feita em dinheiro vivo. A esposa do vendedor chegou a declarar que levou um "susto" ao saber que, na verdade, a casa estava sendo vendida, na forma de cessão, ao então prefeito Rodrigo Manga, já que toda a tratativa havia sido feita com Rafael e Cláudia. Investigação da Polícia Federal aponta que a negociação de compra da casa do prefeito Rodrigo Manga foi feita por outras pessoas Reprodução A PF concluiu que Rodrigo Manga colocou Rafael Pinheiro do Carmo para pagar a quantia referente à entrada da aquisição do imóvel, justamente a quantia que foi paga em espécie. "De todo esse contexto, depreende-se que, em realidade, o que ocorreu foi que o investigado Rodrigo Maganhato 'colocou' a pessoa de seu amigo, Rafael Pinheiro do Carmo, para pagar a quantia referente à entrada da aquisição do imóvel em questão, justamente a quantia (ou parte dela) que foi paga em espécie, ou seja, em 'dinheiro vivo'", diz o relatório. Rafael Pinheiro do Carmo foi exonerado do cargo de auxiliar parlamentar de Sorocaba na segunda-feira (10), informou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Conforme apurado pela TV TEM, Rafael estava no cargo desde 2023, trabalhou em três gabinetes diferentes e está na lista de pessoas com quem Rodrigo Manga não pode ter contato enquanto estiver afastado do cargo de prefeito. Crime de lavagem Prefeito afastado de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga (Republicanos) Mike Adas/TV TEM A investigação classifica a aquisição do imóvel como crime de lavagem de dinheiro e ocorreu logo no início do mandato de Manga, utilizando o pagamento em "dinheiro vivo" como forma de ocultar a origem da verba, que a PF suspeita ser proveniente de atividades criminosas. Ainda de acordo com a Polícia Federal, a aquisição do imóvel foi um dos métodos utilizados para lavagem de dinheiro pelo suposto grupo criminoso, do qual Manga é apontado como líder. A investigação detalha que parte do pagamento do imóvel foi efetuada em dinheiro vivo, e com o uso de intermediários para ocultar a origem dos recursos. A PF apurou que, desse montante, R$ 182,5 foram pagos em dinheiro vivo, e caracteriza a lavagem de dinheiro ao permitir a "integração de valores ilícitos como lícitos no patrimônio da família". O que dizem os citados Rafael e Cláudia foram procurados pela reportagem e não quiseram se manifestar sobre as acusações. A defesa de Rodrigo Manga, por meio do escritório Bialski Advogados Associados, disse, em nota, que a investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente. Habeas corpus negado Os advogados de Manga protocolaram, no dia 10 de novembro, um pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). No dia seguinte, às 9h25 da manhã, apresentaram um complemento ao pedido. O documento tem 422 páginas e é assinado por seis advogados, que tentam convencer a Justiça a suspender as restrições administrativas impostas ao político. Apesar do pedido, o habeas corpus foi negado pela Justiça e não exclui automaticamente a investigação da Polícia Federal e não garante o retorno imediato de Manga à administração municipal. Ele segue afastado do cargo até abril de 2026, conforme decisão judicial. Entenda a operação Linha do tempo da operação Copia e Cola, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na saúde de Sorocaba (SP) Arte g1 Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM